terça-feira, 16 de outubro de 2012

FINNING!!


Hoje em dia, muito já se fala sobre prática do finning, mas poucos sabem quando e porque isso começou e como evoluiu a ponto de ameaçar a sobrevivência de dezenas de espécies de tubarões pelo planeta, e para combater essa prática, é essencial conhecê-la. 


A ORIGEM DO CONSUMO DE NADADEIRAS DE TUBARÃO
Acredita-se que, durante a Dinastia Sung, um pequeno grupo da elite chinesa começou a consumir uma espécie de macarrão gelatinoso feito com a cartilagem das nadadeiras de tubarões, esse prato ficou conhecido como "sopa de barbatana de tubarão", isso se manteve isolado até a Dinastia Ming, quando um almirante chinês, na volta de uma viagem à África trouxe centenas de quilos de nadadeiras de tubarão, que os africanos descartavam em favor da carne. Então, a Sopa de Barbatana de Tubarão ganhou popularidade e tornou-se um prato muito oferecido em banquetes formais da elite dessa época.
Quando o partido comunista chinês assumiu o poder, em 1949, com Mao Tsé-Tung, essa sopa tornou-se politicamente incorreta durante toda a revolução cultural, isso fez com que o prato ficasse esquecido, até que foi apropriada à sopa um valor afrodisíaco.
Foi em 1980, que aumentou significativamente o consumo dessa sopa, quando uma nova classe média e alta surgiu na China, essa nova elite passou a buscar novos símbolos de riqueza, tais como compra de peças de arte e também o consumo dessa sopa, tornando-se um prato refinado. Com o crescimento econômico chinês, esse prato passou a ser obrigatório nas grandes recepções e banquetes e na China.
Em alguns países, acredita-se que ao fazer a sopa com a barbatana do tubarão, é possível até curar doenças.

O FINNING
A pesca de tubarão, praticada a milênios, sempre foi uma atividade comum e as nadadeiras eram apenas mais um dos itens a serem aproveitados e comercializados. Um cação de porte médio fornece cerca de 5% a 8% de nadadeiras, 35% de filé, 13% de fígado (rico em óleos, contendo vitaminas A e D), 9% de pele (utilizada na confecção de artigos de couro) e 35% de resíduos (usados principalmente na confecção de farinha de peixe pra ração de cães e gatos).
A partir de 1990, houve uma grande demanda, no comercio mundial, das nadadeiras de tubarão, então elas passam a ser o principal objetivo nesse tipo de pescas. E daí começou o chamado finning, a pesca ilegal para a obtenção EXCLUSIVA das nadadeiras. 
Muitas espécies cujas nadadeiras são muito valorizadas, não tem a carne valorizada e ocupam espaço para a armazenagem. 1Kg de nadadeira (que pode ser seca no sol) gera US$ 50,00 e o mesmo quilo de carne de tubarão (que deve ser processada e refrigerada adequadamente) gera US$ 1,50. Assim fica fácil entender porque o pescador, ao capturar o turbarão prefere ficar apenas com as nadadeiras e jogar a carcaça de volta ao mar. Esses animais geralmente devolvidos ao mar vivos, e sem as suas nadadeiras são incapazes de nadar, afundando e morrendo.
Não se tem um número preciso da quantidade de tubarões-azuis capturados em nossas águas, mas nas costas do Havaí, cerca de 50 mil animais por ano, são capturados exclusivamente por suas nadadeiras.
Hoje, cerca de 120 países, incluindo o Brasil, matam 70 milhões de tubarões por ano por todos os oceanos. Espanha, Portugal, Reino Unido e França estão entre as nações responsáveis por 80% da captura global de tubarões, suprindo parte da demanda de Hong Kong. Já estima-se cerca de 800mil chineses entre classe média e alta, que são consumidos da sopa de barbatana de tubarão, e esse ritmo cresce cerca de 10% ao ano.

O IMPACTO DO FINNING
A pesca para obtenção exclusiva das barbatanas de tubarão, é uma ação predatória constante e silenciosa. É insustentável e está ameaçando seriamente a sobrevivência das populações de tubarões - 45% das espécies de tubarões em nosso litoral já estão ameaçados de extinção. Se nenhuma ação for tomada, dezenas de espécies (cujas populações já declinaram cerca de 90% nos últimos anos), serão extintas nas próximas décadas. OS oceano, a pesar de grandiosos, já não estão mais suportando os hábitos de consumo dos seres humanos (na verdade o mundo inteiro já está com seus recursos se esgotando), estamos exaurindo as fontes e levando os mares ao seu limite.
Os tubarões tem um valor muito importante para a natureza, pois exercem um papel crucial na manutenção da saúde e equilíbrio da vida nos mares. Sem eles o desequilíbrio nos ecossistemas marinhos serão catastróficos.

ALTERNATIVAS ECONÔMICAS
Um recente estudo australiano demonstrou que os tubarões do arquipélago de Palau (em que o shark finning já foi proibido) trazem, por ano, US$ 18 milhões para o turismo e mergulho com tubarões. Considerando o aspecto puramente financeiro, um tubarão mantido vido pode valer milhares de vezes mais do que  um tubarão morto. Portanto é necessário rever o modo que os "recursos" naturais estão sendo aproveitados. 

O FINNING NO BRASIL
De acordo com estudo feito pela Universidade New Southeastern, na Flórida (EUA), 21% das nadadeiras encontradas à venda em Hong Kong, vinham do Oceano Atlântico Ocidental (área que inclui o Brasil), isto é, há pesca ilegal e trafico de barbatanas aqui no Brasil.
Apesar do Brasil já possuir lei sobre o finning, o controle e fiscalização é muito difícil, principalmente considerando a migração dos animais, entre fronteiras internacionais.

LEGISLAÇÃO E INICIATIVAS CONTRA O FINNING
No Brasil, a portaria do IBAMA nº 121/1998, proíbe a rejeição ao mar, das carcaças de tubarões, dos quais tenham sido removidas as nadadeiras e somente permite o transporte a bordo ou o desembarque de nadadeiras em proporção equivalente ao peso das carcaças retidas ou desembarcadas. Para efeito de comprovação dessa proporcionalidade, o peso total das nadadeiras não pode exceder 5% do peso total das carcaças. Esta lei é boa, mas de difícil controle e fiscalização.
Nos EUA, o congresso americano aprovou em dezembro de 2010 uma nova legislação exigindo que todos os tubarões capturados legalmente em águas norte-americanas devem ser desembarcados com suas nadadeiras integras e no corpo do animal.
No Hawaii, no início de 2010, no estado do Hawaii, com o objetivo de banir essa pratica, aprovou uma lei proibindo a posse, venda, comércio e distribuição de nadadeiras de tubarão. Essa lei foi adotada também na Califórnia, no início de 2011.
Na União Européia, no início de 2011, o parlamento europeu endossou uma resolução para banir o finning em tubarões, propondo a proibição da remoção das nadadeiras dos tubarões a bordo das embarcações europeias.
Em Washington, em 2011, foi assinada uma lei que proíbe o comércio de barbatanas de tubarão.
Em Bahamas, também em 2011, o governo aprovou uma lei banindo o finning de tubarões de suas águas e proibindo o comércio e exportação de produtos provenientes de tubarões. Honduras, Maldivas e Palau, tem uma legislação semelhante.


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES!!!


     O tráfico de animais silvestres é o terceiro maior comércio ilegal do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e armas. Devido a sua grande biodiversidade e debilidade de leis (e capacidade de cumprí-las) o Brasil é um grande alvo, dessa atividade.
     Enquanto são transportados em condições completamente precárias, que muitas vezes são letais , muitas vezes sofrem maus tratos. Os animais que conseguem sobreviver permanecem debilitados para o resto da vida.
     Essa atividade é praticada por caminhoneiros, motoristas de ônibus e viajantes, já que isso depende de uma grande quantidade de pessoas. Já quando envolve o trafico internacional, empresas de grande porte se envolvem além de muito dinheiro, para manter um “trabalho mais organizado”.
     A captura dos animais é feita geralmente por pessoas que vivem em áreas perto de seu habitat, e passam por vários intermediários até chegar ao seu destino (pet shops ou até colecionadores particulares). Essas pessoas conhecem o habito dos animais, e por serem a maioria das vezes pessoas com uma carência social muito grande, acabam fazendo esse trabalho por uma quantia muito pequena, as vezes, apenas por sacos de feijão, arroz... Então, até chegar nos grandes traficantes, o valor desses animais é muito pequeno.
Esse comércio movimenta cerca de 10 bilhões de dólares por ano, dos quais o Brasil contribui com 15% aproximadamente.
     Segundo o IBAMA essa é uma das principais causas de muitas espécies estarem em risco de extinção além de desmatamento, degradação de hábitat, avanço da fronteira agrícola...
     Cerca de 20 milhões de filhotes de aves e mamíferos são tiradas de seus ninhos todo ano, destes, apenas 1% segue vivo, e chegam ao seu destino final, felizmente alguns são apreendidos em flagrante, mas dificilmente voltaram ao seu habitat natural.



     A decadência de fiscalização e infra-estrutura, não permite uma boa condição de resolver o problema. Os animais que são apreendidos são encaminhados para o CEMAS (Centro de Manejo de Animais Silvestres), nele os animais recebem tratamentos médicos e podem muitas vezes ser encaminhados para zoológicos ou criadouros.